A escalada do preço do azeite

Mais uma semana e o preço do azeite continua a subir gota a gota

Veja-se a publicação da Olimerca relativa ao assunto:

O mercado espanhol de azeites sofre de uma situação absolutamente única e excecional que nem mesmo os mais antigos do setor conseguem assimilar e comparar com algo semelhante ou parecido nos últimos 50 anos.

Esta anomalia na produção, como consequência da seca, foi transferida para a comercialização e os preços na origem e, por fim, para o consumidor. Tudo isso gerou uma bolha que preocupa muitos dos operadores da cadeia de valor, à espera de que chegue o dia em que a bolha rebente.

A quatro meses do início da nova colheita, fatores ambientais e climáticos continuam a sustentar essa “bolha” verificada semana a semana no comportamento altista dos preços. Nos primeiros dias de maio, as poucas ofertas de azeite lampante variaram entre € 5,30/kg e €5,35/kg e, embora a procura esteja a ser movida com cautela, no momento em que um embalador industrial se move, a próxima compra já está fechada a preços mais altos.

As demais categorias não ficam atrás. No final da primeira semana de maio, os azeites virgem extra atingiram o máximo de 6’00€, definido pelas necessidades da procura.

Mas o pior ainda pode estar para vir se o tempo não for propício para o olival, tanto de regadio como de sequeiro, estes últimos os que mais sofrem. Se não chover nos próximos meses enfrentaremos uma segunda temporada ainda pior que a atual e então teremos todos os elementos para que a “tempestade perfeita” se forme.

Sendo o azeite uma mercadoria transacionável no mercado global, uma “commodity”, a variação de produção em países com uma fatia significativa na produção mundial afeta, inevitavelmente, todo o mercado.

Tendo a ultima campanha no nosso país (2022/2023) sido a quarta maior na sua história recente, na nossa vizinha Espanha, responsável por mais de metade do azeite a nível mundial, esta foi catastrófica. Causa principal do recente aumento de preços do azeite no mercado mundial.

O pior está para vir: “avizinha-se” na nossa vizinha uma segunda campanha, também ela, catastrófica. Os preços do azeite subirão por forma a equilibrar a procura com a oferta, pela inevitável perda de mercado. 

Mas pior ainda seja o que virá a seguir. Se na campanha 2024/2025 Espanha atingir a superprodução há alguns anos esperada de 2.000.000 de toneladas de azeite, quase o triplo da ultima campanha – assim as condições edafoclimáticas o permitam – já lá não estará o mercado consumidor, perdido ao longo dos últimos dois anos. E recuperá-lo será um processo demasiadamente lento para evitar uma perigosa descida vertiginosa dos preços na origem.

O mercado agroalimentar e o setor do azeite em concreto não agradece esta variação de preços na origem. Todos temos a perder. Mas é algo com que teremos de aprender a viver…

O estado fenológico da oliveira é absolutamente explosivo, com uma grande quantidade de floração que pode ser desperdiçada se a árvore não recuperar os níveis adequados de água no solo. Hoje, as reservas de água para irrigação são escassas, pelo que a oliveira será obrigada a reduzir a sua carga de floração para aguentar a viagem pelo deserto que a espera no verão.

Contudo, apesar deste contexto tão negativo que estamos a enfrentar, seria bom refletirmos sobre a atitude que devemos começar a adotar diante de outros cenários que nos chegarão, mais cedo ou mais tarde, com a chegada das chuvas e as colheitas em torno de 2.000.000 toneladas de azeite.

Teremos de estar preparados para novos recordes de produção com consumidores que perderam a confiança no azeite e que acabam por ver preços acima dos
8 euros/litro na prateleira.

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