“Não há oliveiras”: Corrida ao azeite faz esgotar plantas nos viveiros em Espanha

No sul de Espanha, a ‘corrida ao azeite’ dos últimos meses já deu lugar à consequente “corrida às oliveiras”, devido a uma procura no mercado que não para de crescer. Quando se tenta comprar estas árvores, a resposta que predomina nos viveiros é “No hay olivos” (não há oliveiras). Com a procura do azeite em alta, e o preço das garras de ‘ouro líquido’ em recordes, muitos agricultores veem uma hipótese de maximizar os lucros das suas terras.

A empresa de Córdoba La Conchuela, com mais de 25 anos no mercado do cultivo de oliveira, admite em EL Economista que “os viveiros não conseguem satisfazer a procura devido aos preços do azeite, à queda nos preços da amêndoa e pistácios, e ao influxo de fundos de investimento.”

O viveiro Olivos El Soto, em Córdoba, confirma que está “praticamente sem stock” e que quem quer comprar terá que aguardar até outubro, à espera que as plantas atinjam o tamanho ideal. A variedade mais escassa é a picual, muito usada em cultivos intensivos de rega, que atualmente recebem grande investimento, segundo a empresa.

Manuel López, da Agrariaolive em Jaén, menciona que os viveiros estão “saturados” e já têm encomendas para a primavera de 2025, justificando o aumento da procura com uma mudança de mentalidade no campo onde “a rentabilidade e a produtividade” são agora prioritárias.

O olival tradicional, dependente da chuva, tem um custo de cerca de 4,5 euros por quilo, enquanto o sistema intensivo permite produzir em cinco anos, a menos cerca de um euro por quilo (3,50€), assinala o jornal espanhol. Segundo dados oficiais, em 2023, Espanha possuía 2,78 milhões de hectares de olival, dos quais 874.533 eram de regadio.

Rafael Sánchez de Puerta, presidente do Conselho sectorial das Cooperativas de Azeite de Agroalimentares de Espanha, comenta que a modernização “era previsível” e “a plantação está a acelerar onde há água devido à fácil mecanização”. Contudo, adverte para a necessidade de prudência na planificação, pois quem se baseia nos preços atuais do azeite “está enganado”, antevendo uma possível queda

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